Reinaldo

A banalização da vida e dos princípios morais diante da insensatez humana. O país da Copa do Mundo já perdeu, e continua perdendo a cada dia que tem uma partida de futebol.

     Como nos tempos do império romano os locais onde as pessoas compareciam com intenção de se divertir, ver os amigos, fazer uma festa, mas principalmente para ver alguém morrer, eram denominadas de Arenas os locais onde geralmente um ser humano era colocado dentro de um espaço para ser morto e devorado por alguma fera, quase sempre um leão, tudo isso para deleite dos monarcas e integrantes da corte que muito apreciavam e se divertiam com as cenas de selvageria absurdas. 
     O esporte mais admirado no Brasil e no Mundo também é praticado em “arenas”, hoje no Brasil por imposição do padrão FIFA que instituiu esta nomenclatura para as praças esportivas, umas mais, outras menos, mas a cada dia a denominação tem sido justificada e os estádios vão sendo transformados em praças de guerra e utilizados mesmo como arenas, assim mesmo ao pé da letra, aonde as pessoas vão para aplaudir de pé a morte ou cenas de barbárie e selvageria que se não levam ao óbito imediato um inocente, vão sufocando a alegria do esporte e matando lentamente os encantos do que era para ser apenas diversão.
     
     Arena é um nome sugestivo para o local onde temos visto verdadeiros massacres promovidos por pessoas que se dizem torcedores, e mesmo quem só esta ali para se divertir vendo uma partida de futebol, não tem a garantia de que vai sair daquele espaço com vida. Um espectador morreu no estádio do Mundão do Arruda na última Sexta feira atingido por uma privada do estádio, ele era sim um mero espectador por que o rapaz não torcia por nenhuma das equipes que ali se enfrentavam, mas por uma destas ironias que ninguém vai conseguir explicar, em um jogo do Santa Cruz alguém arranca uma privada do banheiro e arremessa contra a multidão, e pasmem a dita cuja foi vitimar logo um torcedor do arquirrival Sport Recife que por um acaso, ou não, estava ali, na linha de “tiro” dos malvados torcedores, que agora são assassinos dolosos.

     Se não estivéssemos nós tratando de um assunto tão sério, que produziu uma tragédia, diríamos que o caso seria cômico, pois é o cúmulo do azar, já que o torcedor de um clube rival no estado estava ali, anônimo no meio da multidão, e o objeto usado para matar foi cair justamente em sua cabeça. É azar de mais.
     Somos, ou pelo menos éramos o país do futebol, um povo tão apaixonado pelo esporte bretão e seus clubes que para onde quer que agente olhe à bem pouco tempo, só conseguíamos enxergar alegria.
Até nos duelos mais disputados, dos mais ferrenhos rivais era possível ver que as pessoas, ganhando ou perdendo, estavam felizes de contemplar o espetáculo esportivo que em suma é sempre repleto de momentos marcantes, tão marcantes que ambas as torcidas conseguiam reconhecer os méritos tanto de quem venceu, quanto daquele que saiu derrotado sem que para isso tivesse que lhe arrancar os olhos ou comer lhe o fígado literalmente. A violência nos estádios hoje em dia está tão banal, que as pessoas estão perdendo a sua capacidade de indignar com as cenas corriqueiras de quinze ou vinte pessoas espancando alguém só porque ele veste uma cor diferente daquela que ele admira, banal demais ao ponto das autoridades não tomarem medidas extremas para coibi-las, pois antes de observar o risco que o esporte esta proporcionando, eles pensam primeiro no quanto estão faturando com tudo isso.
     Violência em estádio de futebol também é rentável, como não, as brigas rendem manchetes escabrosas em jornais, revistas, é a chamada que causa mais estardalhaço nas rádios, aumenta a audiência da TV e até contribui para que as operadoras de TV fechada vendam ainda mais pacotes de Payper view. Ou seja, tem sempre alguém que lucra em cima do desespero dos outros e não tem sido só dono de funerária não.
     Morre um torcedor da forma como aconteceu no Recife e as pessoas, pelo menos uma grande parcela da população, não questiona mais por que isso acontece e o que será feito para inibir a ação dos marginais, cada vez mais presentes nas praças esportivas. Pessoas de bem, pais de família e o torcedor de verdade esta preferindo deixar de ir aos estádios para acompanhar o seu time do coração, infelizmente para quem aprecia o futebol e sabe que a beleza de uma partida, está também na festa que a torcida proporciona quando esta presente nas arquibancadas de uma 'arena', muito diferente das cenas deprimentes que estamos nos acostumando a ver nos dias de hoje, só falta alguém ter uma brilhante ideia de soltar um leão por ali e capitalizar em cima das mazelas de um esporte que já foi o mais apaixonante deste país.
     Somos o país da Copa do Mundo, e apesar do orgulho de termos o privilégio de poder organizar o maior evento futebolístico do planeta, estamos anos luz de sermos elogiados por isso. Aqui vai faltar tudo que não deveria faltar em eventos deste porte e natureza, pois os estrangeiros vão invadir o Brasil e compartilhar com os brasileiros da sua falta de segurança e queira Deus que nenhum gringo venha a passar mal por aqui, já que a saúde pública por aqui é bem precária e não suporta mais o aumento de demanda.
      O ir e vir no país da Copa não é uma questão de escolha, não temos transporte público decente e que atenda as necessidades de todos, imagina se os aeroportos, rodoviárias, portos e as próprias rodovias vão suportar o aumento de contingente durante os 30 dias do Mundial. Os gargalos são muitos e se em sete anos não conseguimos resolver, ou pelo menos amenizar os problemas dos brasileiros, como vamos garantir que os visitantes terão uma boa impressão do Brasil, um tratamento adequado quando solicitar um serviço público ou que não vão ser alvejados por uma bala perdida ou uma privada mal intencionada na saída de uma “arena esportiva”.
     Tomara que dentro de campo a turma do Felipão esteja afinada e Neymar inspirado, porque senão teremos que nos contentar apenas com a tristeza de ver como as coisas não funcionam no país do futebol e do jeitinho. Para acompanhar uma Copa que tinha tudo para ser mesmo a “Copa das Copas” e que deixaria um legado maravilhoso como recompensa para a população anfitriã, mas que por culpa da falta de planejamento do Governo e insensatez com os investimentos veremos uma festa apenas dentro das quatro linhas, isso se a Seleção brasileira tiver lido o script e conduzir o que esta planejado sem sair da linha, já que improvisar parece ser mesmo a nossa especialidade.
     O Brasil festeiro vai estar lá, marcando presença e torcendo para que a festa do Hexa seja perfeita, afinal de contas só nos resta torcer para que tudo saia como o combinado dentro de campo, por que fora dele o Brasil já perdeu a Copa do Mundo de goleada e tomara que não dê aos olhos do Mundo um vexame histórico que envergonhe ainda mais a população da nação dos políticos sem noção.

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